Sexymente é uma marca que trabalha com produtos

que estimulam sua pele e seus sentidos.

O toque gelado do metal, a textura suave das penas.

Materiais contrastantes que excitam o corpo e a mente.

...





Trata-se de uma linha

sofisticadíssima de objetos de prazer que instigam os cinco sentidos e

revelam a intenção de explorar texturas e cores. As peças são executadas com

um silicone preto e viscoso, que assume formas pontiagudas e confere a dose

certa de agressividade, além de um toque surpreendentemente agradável (eu

diria viciante!). Aliás, ainda bem que a tal da arte contemporânea funciona

como chancela para a interatividade. Não só pode, como deve-se tocar. E muito.





Em busca de conceito, fui ao Larousse da Língua Portuguesa e

encontrei:

"Pornografia s.f.: Descrição ou representação artística, literária,

cinematográfica, etc. de temas considerados obscenos."

Nenhuma representação poderia ser mais artisticamente obscena do que o

chicote em silicone com correntes metálicas, ou o lindo acariciador em

silicone e penas (intensamente vermelhas!). Pura luxúria! Tem ainda

genuflexório e palmatória, além - de anéis, pingentes e

gargantilha.







O poema de Drummond abaixo, em especial, serviu de inspiração para esse

trabalho.








..

EM FACE DOS ÚLTIMOS ACONTECIMETOS

..

Oh! sejamos pornográficos

(docemente pornográficos).

Por que seremos mais castos

que o nosso avô português?

Oh! sejamos navegantes,

bandeirantes e guerreiros

sejamos tudo que quiserem,

sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste

e as mulheres podem doer

como dói um soco no olho

(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo

de tua última resolução.

Pensavam que o suicídio

fôsse a última resolução.

Não compreendem, coitados,

que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso ao teu vizinho,

ao condutor do teu bonde,

a todas as criaturas

que são inúteis e existem,

propõe ao homem de óculos

e à mulher da trouxa de roupa.

Dize a todos: Meus irmãos,

não quereis ser pornográficos?

Carlos Drummond de Andrade

(in Brejo das Almas, 1934)









sexta-feira, junho 11, 2010

Amor e Desejo




Na minha nuca,
tua respiração quente,
teu grito arfante.
Mordida de gato, arrepios.

Tua unha meu corpo arranha
e lanha, e lanha,
me lanha, me mela.
Escorre meu mel, te mela.

Me mexo, remexo,
me viro, te olho,
te quero, cada vez mais
dentro de mim.

Te olho, namoro.
Me beija, me deseja,
tua lingua me afaga.
Sem medo.

Me olha de frente,
me pega, me sente,
ocupa esse lugar
que é só teu.

Minha boca escapa
ao prazer irresistível.
Me entrego de alma, de corpo,
me torço, me viro,
só penso em você.


Ah, eu entrei na roda,
eu entrei na roda dança,
eu entrei na roda dança,eu não sei dançar.



Vejo teus olhos a me espiar
por trás da branca cortina.
Eu gosto, me exibo.
Me molho, me arrepio.

Esse olhar fugidio
de quem quer mas se impede,
de sentir, de tocar, de ver.
O que não pode mais se esconder.

A água escorre,
me molho
da cabeça aos pés.
Dos pés à cabeça,
me olho. 

Imagino de tudo
e um pouco mais.
Vejo teu corpo, gostoso
esboço do meu prazer.

Vejo teus olhos,
te quero, te beijo,
te sinto.
Não minto.

Te abraço, te envolvo,
te cheiro, te mordo,
te lambo e arranjo
um jeito de te querer mais.

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